Tanzânia
Por Alexandre Rinaldi, assistente técnico da Diretoria de Análise de Risco e de Mercado
A Tanzânia é um dos países mais populosos da África Subsaariana, situado em sua costa oriental, contando com fartas reservas minerais, um importante setor turístico e grande mercado consumidor interno. O país tem um baixo grau de abertura ao comércio exterior, apenas 35% do PIB em 2017, sendo o ouro, que responde por 34% do total, seu principal item de exportação, com castanhas e tabaco respondendo por outros 17%. Seu chefe de Estado é o presidente John Magufuli, eleito em 2015 para um mandato de cinco anos.
A nação vem apresentando crescimento médio de 7% ao ano desde o início dos anos 2000, pautado em investimentos públicos, consumo das famílias e desenvolvimento do setor de gás na esteira da recente descoberta de reservas da ordem de 57 trilhões de pés cúbicos. A 137ª posição na classificação de 190 nações no Doing Business 2018, que apesar de baixa, é superior à média regional, e a estabilidade institucional apresentada desde o início dos anos 90, incluindo a realização de eleições regulares pacíficas, tem auxiliado neste cenário.
Atualmente, a nação está orientando o seu desenvolvimento econômico e promovendo a sua industrialização no âmbito do programa Tanzânia Visão 2025, programa que postula que, até o ano de 2025, a indústria deverá representar 40% do PIB através da ampliação da posição de hub logístico, desenvolvimento do setor de gás, substituição de importações, aumento do valor agregado das exportações, incentivo à criação de indústrias de bens de consumo básicos e maior atração de investimentos externos.
Apenas o desenvolvimento do setor de gás deve envolver investimentos da ordem de US$ 30 bilhões, gerar 10 mil empregos diretos e dezenas de milhares de empregos indiretos e, sozinho, representar crescimento de 2% ao ano segundo o Banco Central da Tanzânia. A construção de um oleoduto entre Uganda e a costa do país para escoar as reservas de petróleo recém-descobertas de Uganda está envolvendo investimentos, primordialmente realizados na Tanzânia, de US$ 3,5 bilhões. Após completo, este projeto gerará receitas tributárias da ordem de US$ 1 bilhão que irão auxiliar o país em seus desafios fiscais.
A Tanzânia recebeu da Moody’s sua primeira avaliação de crédito soberano em março de 2018, sendo avaliada como B1 com outlook negativo. Em abril de 2014, o país encerrou seu último programa com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e, atualmente, está em sua sétima revisão do Policy Support Instrument (PSI) para acompanhar e assessorar as autoridades do país na condução da política econômica, que foi bem avaliada pelo fundo.
O governo tem buscado aumentar o ingresso de investimentos externos acelerando o desenvolvimento dos grandes projetos, notadamente daqueles ligados ao gás natural, além de incentivar parcerias públicas privadas com empresas internacionais. Hoje o IED representa pouco menos de 3% do PIB. No âmbito fiscal, a situação das contas públicas é complicada pela baixa capacidade arrecadatória do Estado, devido ao alto grau de informalidade na economia. Os gastos têm sido direcionados de forma expressiva para a melhoria das perspectivas econômicas, com os investimentos representando 43% do gasto total.
A partir de 2009, a dívida pública do país entrou em tendência de crescimento, passando de 24,4% do PIB para 39,1% do PIB hoje, a maior parte dela externa. A despeito do crescimento, as perspectivas são de manutenção do atual patamar e a maior parte da dívida é de longo prazo com instituições multilaterais e relacionadas a projetos de investimentos.
Desde 2013, a Tanzânia registra inflação moderada e estável na casa de um dígito. Atualmente, a meta é de 5% de inflação anual, tendo encerrado 2017 em 5,4%. A sua moeda, o xelim tanzaniano, tem apresentada baixa volatilidade e é considerada uma das moedas mais estáveis da África Subsaariana.
Mesmo em boa fase e com perspectivas econômicas positivas, a Tanzânia ainda enfrenta grandes desafios: o avanço na formalização da economia; o maior desenvolvimento do setor financeiro; e a transição de uma força de trabalho do campo (65% do total do emprego hoje) para o meio urbano. Ademais, o país possui déficits em conta corrente e fiscais crônicos e baixo nível de desenvolvimento socioeconômico apesar de melhoras recentes em seus indicadores sociais.